Uma cerveja
em que os aromas do lúpulo se cruzam com o seu caráter amargo. Dos navios
britânicos ao renascimento americano, a India Pale Ale (IPA) é hoje um dos
estilos de cerveja mais populares no mundo.
Em 1572, Os Lusíadas são publicados pela primeira vez. Naquela que é uma das
mais importantes e emblemáticas obras da literatura portuguesa, podemos
encontrar os seguintes versos:
Já
a manhã clara dava nos outeiros
Por
onde o Ganges murmurando soa,
Quando
da celsa gávea os marinheiros
Enxergaram
terra alta pela proa.
Quando nos relata o momento em que
os portugueses avistam a Índia, Luís de Camões não poupa no heroísmo literário.
A viagem, que teve aos comandos Vasco da Gama, foi atribulada, marcada pela
fúria dos mares e dos ventos, mas terminou, em 1498, com a descoberta do
caminho marítimo para a Índia.
A viagem
era longa, tormentosa, mas apetecível pelas trocas comerciais que o
subcontinente indiano representava. Para os ingleses, o vaivém tornou-se
regular a partir do século XVII, quando a Companhia Britânica das Índias
Orientais olhou para o território exótico como um importante ponto de comércio.
Para os trabalhadores da companhia, o clima quente e abafado pedia a frescura
de uma cerveja. Sem condições para a produzir in loco, os comerciantes tentaram importá-la do país de origem. O
problema? Mantê-la em condições de ser consumida durante os cinco a seis meses da viagem.
Desde 1760 que os cervejeiros
sabiam que, ao adicionar mais lúpulos na sua preparação, o tempo de preservação
da cerveja aumentava. Com esta informação em seu poder e uma localização
privilegiada na cidade de Londres, junto ao porto de onde saíam os barcos para
a Índia, o cervejeiro George Hodgson rapidamente se dedicou à exportação de
cerveja para aquele território.
Através da Bow Brewery, a sua cervejaria, Hodgson conseguiu o
monopólio de um negócio que, por envolver números pequenos, era desinteressante
para os rivais. A excelente relação com os capitães dos navios ajudou a
exportar a sua cerveja, October, para a Índia. Tratava-se de uma pale ale mais alcoólica, produzida para ficar em maturação durante 18 meses. No entanto,
quando enviada para a Índia sem maturação prévia, a cerveja chegava com a mesma
qualidade, senão mesmo melhor. A viagem de seis meses tinha um efeito que, não
sendo igual, era semelhante ao da maturação mais longa.
Durante mais de quatro décadas, a
cerveja não teve um nome definido - era conhecida, simplesmente, como “Pale Ale
para a Índia” ou “Pale Ale preparada para o clima indiano”. Em 1835, o jornal Liverpool Mercury cunhou o termo India Pale Ale, e a
sigla IPA ficou.
Cerveja
lupulada e amarga, a IPA rapidamente conquistou a preferência dos britânicos
expatriados. Leve e refrescante, era perfeita para combinar com o calor
indiano.
Burton-on-Trent é uma cidade
inglesa conhecida pela suas águas ricas em sulfato de cálcio, ótimas para a
produção de Pale Ales. Entre o final do século XVIII e o início do século XIX,
as cervejarias desta cidade tinham como principal mercado de exportação a zona do
báltico. Um negócio que colapsaria de modo abrupto, vítima do Bloqueio
Continental imposto por Napoleão.
Uma das cervejarias atingidas pelo bloqueio, a
Allsopp, procurou reinventar-se e explorar novos mercados. Numa visita a
Londres, Samuel Allsopp, o proprietário, foi informado de que a Companhia das
Índias Orientais estava descontente com os preços impostos por Frederick
Hodgson, neto de George, nas cervejas exportadas para o subcontinente.
Desafiado
a replicar a cerveja da Bow Brewery, Allsopp não demorou a criar a sua própria
IPA e, em 1823, enviou a primeira encomenda para a Índia. Outras cervejarias seguiram os mesmos passos, como a Bass, mas desta vez o
sucesso não se ficou pela Índia. A melhoria da rede de caminhos-de-ferro nas
ilhas britânicas levou a cerveja de Burton a várias cidades inglesas - na
segunda metade do século XIX, a cerveja já era muito popular dentro de portas.
No final do século XIX, a IPA
começou a perder destaque no subcontinente que lhe deu nome. O aparecimento da
refrigeração e uma melhor compreensão das propriedades da levedura permitiram
aos cervejeiros produzir lager com
grande qualidade naquele território, saciando o desejo por uma bebida fresca,
ideal para combater o calor na região. Paralelamente, o consumo de cerveja
começou a diminuir na Índia e noutras colónias, em detrimento de bebidas como o
chá.
Com o mercado externo fechado, o
mercado interno não ajudou à sobrevivência do estilo, com taxas mais elevadas a
serem aplicadas sobre cervejas mais fortes. Era o início do declínio das IPA.
O ressurgimento foi lento e chegou
apenas nos anos 1980, quando as cervejarias americanas, cada vez mais focadas no mercado das
cervejas artesanais, viram na IPA uma aposta consistente. A utilização de
lúpulos locais, como o Chinook e o Cascade, conferiram à cerveja sabores
resinosos e cítricos, tornando-a um sucesso na costa oeste americana, numa
primeira fase, e no resto do país, mais tarde. O sucesso nos Estados Unidos
espoletou o ressurgimento global do estilo cervejeiro.
A partir daqui, a IPA não parou de
evoluir. A vontade por cervejas ainda mais lupuladas levou à criação de estilos
como a Double IPA, com amargor e sabores ainda mais intensos.
Atualmente,
a India Pale Ale é uma cerveja produzida um pouco por todo o mundo, inspirada
sobretudo na versão americana, sendo uma imagem de marca do mundo das cervejas
artesanais.
English
IPA: A cor pode variar do
dourado a ambar mais forte, mas a maioria é pálida. O sabor a lúpulo (floral,
cítrico ou pimenta) é moderado e elevado, bem equilibrado com o malte. É
moderadamente amarga e tem um teor de álcool por volume (ABV) entre 5% e 7,5%.
American
IPA: Uma cerveja onde o
caráter a lúpulo e o amargor vão do moderado ao muito elevado. De cor dourada e
âmbar-avermelhado, na American IPA sentem-se os sabores dos lúpulos americanos
e do Novo Mundo (cítrico, floral, resinoso, pinho, entre outros). ABV entre
5,5% e 7,5%.
Double/Imperial
IPA: Ainda mais lupulada do
que a American IPA original, serve-se, em muitos casos, da técnica de dry hopping. A maior concentração de
lúpulos dá à cerveja um caráter ainda mais amargo do que a outras IPA,
destacando-se um sabor a lúpulo forte e complexo. A cor vai desde o dourado a
um leve laranja-cobre. O ABV situa-se entre 7,5% e 10%.
Belgian
IPA: É um estilo
relativamente recente, surgido já nos anos 2000, de cor dourada a âmbar. O
sabor a lúpulo (frutado, cítrico, melão, pinho) é moderado, bem como o do
malte. O amargor é elevado e pode ser acentuado devido ao caráter apimentado
das leveduras belgas usadas na cerveja. O ABV situa-se entre 6,2% e 9,5%.
Black
IPA: A cor varia entre o
castanho escuro e o preto, devido ao uso de maltes torrados. O sabor a lúpulo
(frutos de caroço, cítrico, melão, pinho) é médio-baixo a elevado, com um
amargor que pode chegar a ser muito alto. O sabor dos maltes torrados é
médio-baixo, podendo sentir-se, no entanto, toques de chocolate ou café. Em
algumas zonas do Noroeste Pacífico é conhecida pelo nome Cascadian Dark Ale.
ABV entre 5,5% e 9%.
Brown
IPA: Lupulada e amarga como
a American IPA, mas com com o caráter a alguns maltes de caramelo, chocolate ou
café. A cor varia entre o castanho-avermelhado e o castanho escuro. Amargor e
sabor a lúpulo (cítrico, floral, pinho, resinoso, entre outros) moderados e
elevados. O ABV situa-se entre 5,5% e 7,5%.
New
England IPA (NEIPA):Com um
amargor moderado e mais frutada e suave que as restantes IPA, esta é uma
cerveja relativamente recente, que tem nas notas de citrinos e frutos tropicais
a sua essência. Sendo uma cerveja turva, o seu sabor permanece com grande
caráter, normalmente mais doce que outras IPA. ABV entre 6,3% e 7,5%.
Red
IPA: É semelhante à American
IPA, mas com maltes cristal. Os sabores a lúpulo também estão na mesma linha da
American IPA, com amargor médio-alto a muito elevado. A cor varia entre um leve
âmbar-avermelhado a cobre-avermelhado escuro. ABV entre 5,5% e 7,5%.
Rye
IPA: Uma cerveja que usa
entre 15% e 20% de malte de centeio, sendo mais seca e ligeiramente mais
picante do que uma American IPA. O amargor do lúpulo, sendo médio-alto a alto,
parece durar mais do que na American IPA, devido ao centeio. O sabor a lúpulo
(cítrico, pinho, resinoso, floral) é médio a muito alto, com cor dourada a leve
âmbar-avermelhado. O ABV situa-se entre 5,5% e 8%
West Coast
IPA: De cor dourada, esta cerveja tem no
amargor a sua essência. O motivo é simples: fabricada na costa oeste dos
Estados Unidos, bem perto dos grandes campos de lúpulo, esta cerveja é uma
homenagem ao rei do amargor. A experimentação trouxe-lhe os aromas cítricos e tropicais, e os
sabores intensos, típicos da criatividade cervejeira de Seattle, Oregon ou
California. Ainda assim, o aroma pode ser vasto nesta cerveja: do pinho à
toranja. O ABV situa-se entre 6,7% e 8%.
White IPA: Usando maltes de trigo, é
semelhante a uma Witbier belga, mas com o caráter lupulado de uma American IPA.
Amarga e lupulada como uma IPA, mas frutada e leve como uma Witbier. De cor
pálida a dourada, foi criada pelos cervejeiros artesanais americanos como uma
cerveja de primavera, que pretende apelar aos apreciadores de Witbier e de IPA.
ABV entre 5,5% e 7%.
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