“Chapéus há muitos”, dizia Vasco Santana no filme A Canção de Lisboa (1933). E Bocks também, à conta de todas as variações do estilo que nasceu em Einbeck, na Alemanha. São vários estes sub-estilos de Bock, onde encontramos por exemplo a Doppelbock, Maibock, Eisbock, Weizenbock ou Dunkel Bock. Todos eles têm raízes no estilo principal, mas as nuances são tão significativas que ganharam direito à sua independência.
Neste artigo, vamos explicar-te as diferenças, mas também um pouco da história deste estilo.
Não há jejum que não dê em fartura. Há cerca de 700 anos, os monges da cidade de Einbeck produziram um estilo de cerveja maltado, de cor escura e com um alto teor alcoólico. Esta inovação tinha um objetivo muito claro: ajudá-los a manter a energia durante as longas horas de jejum da quaresma.
A cerveja, que passou a ser conhecida como Bock, um regionalismo bávaro do sufixo “Beck”, proveniente do nome da cidade de Einbeck, rapidamente ganhou novas versões, até para responder a um certo descontentamento de alguns monges pela “leveza” da sua criação original. Foi assim, por exemplo, que nasceu a Doppelbock (literalmente, Bock a dobrar). Reza a história que o sucesso das Bock junto da população foi tal que os clérigos começaram a pôr em causa a sua própria invenção: será que tinham criado um produto tão bom que, ironicamente, era contrário ao espírito de arrependimento da Quaresma?
Com a dúvida na cabeça, foram até Roma, com um barril da sua cerveja, para obter aprovação papal. Durante a longa viagem, porém, a cerveja estragou-se. Quando o Papa a experimentou, o sabor era tão mau que, de imediato, o pontífice a considerou uma excelente penitência. Assunto resolvido.
Mas voltando aos diversos estilos desta família, importa agora ficares a conhecer as principais características do estilo Bock, e algumas das suas variações.
Cerveja robusta e que nasce do equilíbrio dos maltes Munique e Vienna, a Bock pouco mudou em relação ao estilo original desenvolvido pelos monges de Einbeck. De cor acobreada a castanho escuro, tem uma cabeça generosa, cremosa e persistente, de cor creme. É uma cerveja límpida, que se destaca no copo. Nobreza em estado líquido.
Na boca, a Bock é sedosa, com uma carbonatação baixa a moderada. O aroma é sustentado pelo malte, com notas de tostado e pouco a nenhum lúpulo. O sabor é dominado pelos sabores ricos do maltes, que contribuem para o tostado. Podes encontrar notas de caramelo, devido à ebulição prolongada, sendo que o amargor do lúpulo é apenas o suficiente para suportar o doce do malte. O teor alcoólico pode variar entre os 5,5% e os 7,5%.
Produzida pelos monges da atual cervejeira Paulaner para reforçar o corpo durante o jejum da alma, a Doppebock ganhou a reputação de “pão líquido” devido a essa dicotomia entre alimento e bebida. Trata-se, assim, de uma cerveja bastante maltada, com um teor alcoólico superior ao da Bock (entre 7% e 11%) e um sabor mais intenso.
De cor dourada a castanho escuro, dependendo do tipo de malte, a Doppelbock traz aromas tostados e caramelo, que são um pouco mais acentuados nas versões escuras. Na boca, a cerveja apresenta um corpo intenso e cremoso e com carbonatação baixa a moderada.
A Doppelbock tem um sabor rico, mais maltado e com notas tostadas nas versões escuras. É uma lager limpa, com sabores de lúpulo pouco perceptíveis e amargor baixo a médio, equilibrado pelo malte doce.
Se na Doppelbock tudo é mais escuro e intenso, a Maibock, também conhecida por Helles Bock, é a sua antítese. Produzida com uma base de malte Pilsner, ao qual são acrescentados os maltes Vienna e Munique, a Maibock é tão leve que até podemos saborear um pouco de lúpulo. Os maltes dão-lhe um aroma e sabor tostados, mas o apimentado e o amargor estão presentes num equilíbrio tipicamente alemão.
Com um sabor menos maltado que a Bock tradicional, a Maibock distingue-se dos outros subestilos pela cor clara, que varia entre o âmbar e o dourado profundo. E não te deixes enganar pelo ABV entre 6% e 8%: esta é a cerveja mais refrescante da família das Bocks, perfeita para beberes na primavera alemã, mais fria que a nossa. A partir de maio, tens, por isso, um mês e meio para a beber.
Se pensas que já viste tudo no mundo cervejeiro, põe os olhos na Eisbock. O início da produção deste subestilo é idêntico à Doppelbock, mas depois há um pequeno twist: a cerveja é congelada. Sim, leste bem, congelada. Assim, parte da água fica retida na forma de gelo, enquanto o álcool, que só congela a temperaturas mais baixas que a da água, se concentra no restante líquido, resultando numa cerveja de grau alcoólico reforçado. Para este processo foi desenvolvido uma espécie de decanter especial, ao qual os alemães chamam bukanter.
O método foi descoberto, acidentalmente, na cervejeira Reichelbräu, em Kulmbach (Alemanha), quando, em 1890, alguns barris de Doppelbock foram congelados devido às baixas temperaturas. Reparou-se, depois, que os sabores, o corpo e o álcool ficaram mais concentrados, dando complexidade à cerveja. O malte é balançado pelo alto teor alcoólico (entre 9% e 15%) e não pelo lúpulo, que mal se nota.
A Eisbock é uma cerveja mais escura, que varia do rubi ao castanho muito escuro. A retenção de espuma é quase inexistente, devido ao alto teor alcoólico, e a conjugação deste com a baixa carbonatação proporciona uma consistência viscosa, que lembra a dos licores. No aroma, há equilíbrio do malte com a presença do álcool e notas de frutas secas, como uvas passas e ameixa. Na boca, a presença do álcool é perceptível, mas ainda assim suave. Os sabores têm como predominância os maltes, com notas tostadas e de chocolate, equilibradas pela presença do álcool. É, pelo que já percebeste, uma cerveja para ser degustada com moderação.
Descendente da Bock mas também da Weissbier, a Weizenbock é uma cerveja de trigo complexa, encorpada, intensa e com um teor alcoólico entre 6% e 12%. Tal como a Doppelbock, tem também duas versões, uma clara e outra escura, sendo que ambas são de aparência turva, típica das cervejas de trigo. Com um amargor baixo e carbonatação alta, a Weizenbock apresenta uma espuma bastante espessa, cremosa e duradoura, que vai de branco a bege-claro.
O sabor é de pão maltado, biscoito, trigo e grãos. As versões claras têm notas mais leves de pão tostado e grãos doces; as versões escuras destacam-se pelos sabores de maltes profundos, ricos em pão tostado.
Crê-se que foi desenvolvida em 1612, pelo mestre cervejeiro Elias Pilcher, tendo-se rapidamente tornado numa cerveja popular. Forte e maltada, a Dunkel Bock pode ir do cobre ao vermelho-escuro e até ao castanho-escuro. É uma cerveja límpida, com uma espuma branca ou bege-clara persistente e cremosa.
O malte é o sabor predominante, com notas de pão tostado, frutos secos, melaço e caramelo. Há um toque de frutas, uvas passas ou outras frutas escuras, que advém dos cereais. O lúpulo dá contraste e equilibra, sem ter uma presença muito notória. O final é seco e ligeiramente doce.
A carbonatação é moderada a baixa e há uma ligeira sensação de álcool, ainda que subtil. O ABV varia entre os 6% e os 7%.
Conclusão
Apesar da riqueza da sua história, a cerveja alemã não seria a mesma sem a Bock e os seus heterónimos. Estas cervejas acompanham parte da inovação europeia, sendo a prova viva do trabalho de milhares de mestres cervejeiros (monges e não só) ao longo dos séculos.
Podes descobrir parte desta linhagem no pack de cervejas alemãs, disponível na Super Bock Store, que disponibiliza, por exemplo, uma Doppelbock.
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